O enterro era de uma coleguinha que sorria o tempo todo e eu sorria com ela porque achava isto muito bom. Ela tinha uma moléstia, que a fazia ausentar-se da escola, não podia comer certas coisas. Um dia, depois de um feriado que chamamos hoje de prolongado, tivemos de ir ao seu enterro. A situação não era triste. Mas, eu sabia que fora um alívio para toda a angústia da minha amiguinha de escola. A doença a limitava, ela não se sentia bem com isto.Toda a escola parecia estar no cortejo Seu sorriso alegre estava no ar. Eu sorria, sorria era incontrolável... Tive que sair do meio. Fui levada para lugares ermos do cemitério. Os colegas achavam que não deveria.... Ninguém entendia. Depois do velório passou. Voltamos para casa e eu pensava na vida e tentava desculpar a morte. Morria-se por doença do ambiente . Morria- se de acidente. Alguém podia provocar a morte de outrem. Morria-se de velho(a). ....
Graça Nunes.
