Quando vi Chan pela primeira vez, ela vivia em. Bar de esquina de rua de um bairro de gente materialmente pobre. Ela era ainda bem pequena. Dormia e acordava ali. Tomava café com leite e comia pão com manteiga. Talvez se sentisse, organicamente, mal com isto. Mas, parecia tranquila e grata. Eu senti muita candura por ela . Não sabia que era fêmea e que um dia estaria na minha casa. No dia em que Chame foi levada para a nossa casa ela ficou relaxada e dormiu muito depois de bem alimentada. Encontrará um lar e sua vida foi muito boa. Entrou no cio engravidou teve lindos filhotes que eu não tive o prazer de criar. Sua vida sofreu uma violência,por ela roubar um filé de peixe que estava em degelo sobre a pia da cozinha. Provocando a ira do dono da casa que não teve piedade de colocar ela e seus filhotes em um saco e levar para lugar ermo. Fiquei impotente diante de tanta guria. Não tive argumentos. Chorava por ela e todos eles procurei-os . Não sabia para onde foram levados. Passaram-se dias e era madrugada. Eu ouvi um miado. Outro e outro. Depois vi um barulhinho. Ela apareceu na janela do quarto. Que alegria e muita emoção. Ela voltara. Voltara sozinha sem os filhotes . . Eu a acolhi. Nada falei. Continuamos a viver. Mudamos de casa. Ela mudou-se conosco. Evitou namorar ,por muito tempo. Talvez pensando que não podia fazer assim. Para a outra casa ela já estava com a gravidez bem adiantada e seu parto foi traumático. Mas, desta vez pariu e ficou com seus filhotinhos. Tive o prazer de tê-los no meu seio de vê-los crescer,tornarem-se belos bichanos de alguns serem levados pela beleza,para outras casas. Ela ficou comigo todo o tempo, na minha solidão e nas minhas noites claras de insônia por pavores. Chance era uma amiga livre e constante. As vezes ela ficava só em casa. Sabia onde estava sua ração e sua água. Entrava e saia pela veneziana, sem vidro, da janela da salinha. Cuidava de tudo e quando eu voltava era só carinho e muita amizade. Depois eu conto como né separei desta grande amiga..
Graça Pereira Nunes.